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07 outubro 2013

Criança... Se um dia fui.



                             No último sábado decidi, espontaneamente, ir a um Geriatra.
Surpreendi-me com uma coerente explicação – “Geriatra não é médico de idoso” e
Sim “de todo aquele quando  para de crescer”, ou seja, desde a juventude convém fazer a prevenção.
                            Durante a anamnese, deparei-me com um profissional que faz uma consulta em quase duas horas, raro nos dias atuais, talvez vocês estejam conjecturando, afinal eu teria muitas histórias para contar... Poderia até ser, mas com minha “língua solta” ficou possível ao Geriatra traçar o meu perfil  e estabelecer um diagnóstico.
                            Enxerguei na mulher de hoje a criança e jovem de outrora, numa velocidade tão intensa, sem intervalos de uma fase para a outra, que fui comparada a um “disco que roda alucinadamente sem parar”.( sic Geriatra).
                            Constatei que  sempre fui assim, desde criança , vivia antecipadamente a fase subsequente,mergulhava de cabeça nos problemas adultos e dava “pitacos” em tudo.
                             Talvez  tenha declinado de viver como  uma criança “normal”...Sem olhares críticos , sem sofrimentos adultos , sem cargas emocionais , sem cobranças .
                              A precocidade, taxada por vezes de inteligência acima dos demais, sem levar em consideração o excesso de informações que minha cabecinha infantil recebia faz-me, nos dias de hoje, perceber que não vivi plenamente a fase de criança.
                              Como consequência já chegou à fase da juventude, adulta e totalmente responsável. Foi bom? Não sei responder... De criança só recordo poucos momentos de brincadeiras e jogos, de apenas um boneco, o Juarez, como também de ter sido Anjinho de Lapinha de Natal, por ser branquinha.
                               De acordo com o Geriatra, a memória recente nos idosos, quando comparada à passada, perde para esta, talvez isto justifique a minha facilidade de falar sobre o que vivi... os clarões imensos que parecem inundar o cérebro ,de tão “vivas” as lembranças!
                             Considerando o que a maioria define como ter sido a vida em criança, questiono-me: - Se fui criança um dia? Não sei, a única certeza é que à minha maneira fui feliz!                        


                              
                              Escrito por Maria Claudete F.H.Batista

19 setembro 2009

Uma Carta Para Mim

Uma Carta Para Mim

Justificando:

Quem de nós não terá uma boa razão para ter escrito uma carta para si mesmo? Se a estrada já tiver sido percorrida por muito tempo... a longevidade

se reveste, muito mais ainda, de situações que justificariam o propósito.

O difícil é a escolha . Mas vou optar por uma atitude tomada aos 17 anos.

Escrevendo a Carta:

Camaragibe , 20 de setembro de 2009

Querida Claudete, você foi uma adolescente atípica;

enquanto todas amiguinhas namoravam meninos de carne e osso você se encantava com os rapazes saídos dos livros de M.Delly, tomava o lugar das heroínas e vivia grandes Romances de Amor.

Com estes livros viajava por lugares onde supunha

jamais pisaria a não ser naqueles momentos de sonhos intensos. Você sentia-se preenchida totalmente e assim o tempo dos 12 aos 15 anos foi fluindo entre os estudos regulamentares e a avidez pelo dia que chegaria na banca de revista mais um livro de M.Delly.

Você não tinha namorado, mas aprendeu a dançar,

era vaidosa no vestir e no pentear , gostava de organizar festinhas típicas do pequeno lugarejo onde vivia , como Baile das Rosas, Baile da Primavera, e imaginem , até desfiles de moda com a finalidade de angariar fundos para a Igrejinha e outras festinhas. Enfim era uma jovem atuante .

O seu pequeno mundo, Claudete, começou a desmoronar, agora percebe-se claramente, quando você resolveu namorar o menino

bonito e cobiçado, levada pela vaidade de poder tê-lo e pela “vergonha” perante às amigas de nunca ter namorado pra valer!

Você não estava preparada para enfrentar este namoro. Você percebeu de imediato a diferença entre apaixonar-se por um personagem de ficção e um real. Apesar de não se considerar bonita e tantas outras assim cobiçarem seu Pretendente , e ele ter preferido você, mais pelas suas virtudes e caráter que por sua beleza, isto não foi motivo para você sentir-se inferiorizada.

Durante 02 anos você namorou um rapaz que não amava , que era querido pela sua família e como se dizia naquela época, era um rapaz

de futuro. Só que você , Claudete , estava sempre comparando os amantes saídos dos livros de M.Delly com o que estava ao seu lado. Coitado, ele nunca soube disto e você está descobrindo agora...

Foi numa terça-feira de Carnaval, às 08 horas da

noite, você havia terminado o namoro que estava sufocando-lhe, você tinha outros projetos para sua vida, sonhava com outro mundo diferente daquele e não se via

precocemente casada e cuidando de um monte de filhos como era comum.

Como um pássaro, achou que havia aberto

a porta da gaiola dourada. De repente, no salão onde se realizava o Baile Carnavalesco, a música de Seu Filemon parou de tocar. O moço no microfone avisava para você ir até

à casa onde morava seu ex-namorado porque ele estava fazendo roleta russa com o revolver do irmão mais velho .

Você foi com sua mãe e deparou-se com uma cena repulsiva e bastou pedir que o espetáculo deprimente acabou. Claro que você não quis mais voltar ao Baile.

No outro dia pela manhã, Quarta-feira de Cinzas, ele chegou com uma rosa na mão. Mesmo com o coração apertado , você não permitiu que ele dissesse nada e o mandou embora , pois não tinha mais volta.

Ele saiu da sua vida, foi servir ao País no Canal de Suez, veio morar na Capital , tornou-se Economista e casou com sua melhor amiga.

Depois de muitos anos suas vidas se cruzaram e você teve a certeza de que tomara a decisão correta ao afastá-lo da sua .Ele revelou-se uma pessoa mesquinha e vingativa, não perdoou ter sido preterido no passado ,cometeu pequenas vilanias mesmo tendo construído uma vida bem sucedida. Você soube separar

as coisas e não deixou de manter contatos com a amiga , esposa dele.

Você não sabe até que ponto ela tomou conhecimento dos fatos , mas pelo menos trata-lhe com cordialidade .

Hoje você sabe que por ingenuidade , considerando que ambos eram jovens , poderia ter dado um novo rumo a esta triste história , não devia nunca ter alimentado aquele namoro , teria usado de mais sensatez ter se aconselhado com pessoas mais experientes.

Você não teria condições de viver com um homem tão passional. Graças a M.Delly , que abriu o seu coração para a paixão sonhadora, onde prevalece sempre o amor, você desenvolveu sua porção romântica de uma forma excessiva .

Por maiores que tenham sido as dificuldades que você enfrentou nos seus relacionamentos afetivos que se seguiram, prevaleceu sempre a lucidez de por na balança sentimento e razão e fazer a escolha que achava correta, partindo sempre do princípio que possuir o outro sem dar-lhe chance de respirar é prerrogativa dos inseguros e insensatos.

Você, apesar da pouca idade, teve a coragem de

assumir uma atitude ao buscar o horizonte que vislumbrava na cidade grande

sem ódio no coração e sem medo de ser feliz! Este foi o lado positivo deste episódio vivido na adolescência.

É o que gostaria de ter-lhe dito naquela ocasião.

Atenciosamente, Claudete.

25 março 2009

Vendo Através do Nevoeiro.


Fecho os olhos, divago procurando no baú das recordações lembranças da minha infância. São tantas as lembranças , confusas e cinzentas , parecem até um nevoeiro , em que as nuvens passam depressa, fluem como se não quisessem ficar e serem desnudadas.
Zezé de Xanda! Ficou, olhar matreiro , garota mais velha , insinuante e fogosa, diziam que já namorava . Ela vivia com a mãe na Capital e só aparecia no nosso lugar nas festas de final de ano para dançar o Pastoril e ganhar dinheiro dos marmanjos , quando o locutor anunciava o começo do folguedo.
E ela dava um show de rebolado, mostrava despudoradamente as coxas e a calcinha vermelha ou vermelha e azul: Zezé sempre era a Mestra do Cordão Encarnado ou a Diana do Pastoril. O encarnado sempre ganhava com a Zezé.
Ela namorava os meninos mais paquerados , era disputadíssima e não muito querida pelas garotas.
Eu era bem mais nova, tinha apenas 11 anos , a Zezé já beirava os 15 ou 16 . Gostava dela, a convidava lá pra casa, para tomar leite com biscoito na hora do lanche da tarde. Ficava sempre boquiaberta com as estórias que ela contava.
Zezé sabia tudo! Pelo menos eu achava assim, e foi com ela que soube o que era virgindade. Ela chegou a contar como havia “perdido” a dela. Nunca esqueci os “conselhos” de Zezé, um deles , um verdadeiro “terrrorismo” que nos deixou bastante amedrontadas : -olha meninas, prestem atenção , cuidado quando forem tomar banho e fazer a higiene, pois os dedos tiram a virgindade, aí não é para limpar!
Já imaginaram no que deu: muito megma , coceira , visitas ao médico local e peteleco na cabeça dados pela mamãe, e o pior Zezé ficou proibida de voltar a nossa casa.
Cresci , fiquei mocinha, comecei a namorar e Zezé sumiu para retornar anos depois, feições triste e carregando um filho nos braços, sozinha e abandonada. Consegui saber dela tudo que lhe havia acontecido. O mundo de Zezé ruiu como todos os seus sonhos e fantasia.
Nossos mundos se separaram definitivamente . Há muitos anos soube que ela havia morrido, não sei se é verdade , mas os parentes que moravam no nosso interior não existem mais. Nunca soube quem eram os pais de Zezé.
Como esta lembrança foi a que pontuou hoje, me pergunto até onde ela fez a diferença nas minhas relações afetivas. Os segredos que a Zezé me passou não passei adiante , nem vivenciei todos eles, mas posso adiantar o que Zezé me disse no último encontro :- “Tudo que fiz foi por amor , estou só, mas soube gozar e ser feliz”- não sei se o gozo da Zezé foi literal, mas parece, não?
Onde você estiver Zezé este é meu tributo a você! Esta é mais uma via percorrida e resgatada por mim.

Escrito por Maria Claudete
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