17 julho 2010

Mendigando Amor


Mendigando Amor
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                               Sabe aquele dia em que você acorda e descobre que está enxergando melhor o mundo ao seu redor, sim , aquele que você via sempre e não notava nada especial?Pois bem, não sei se por estar fragilizada pelas circunstâncias do dia anterior, consulta ao Cardiologista, rotina de exames, conselhos e alertas repetitivos, enfim a consciência inadiável de que somos falíveis e de que valorizar, a partir desta descoberta , o que temos e a beleza da Natureza que nos cerca já é um privilégio .
                             Atualmente só desço até o centro da cidade quando necessário. Na última quinta-feira, 15 de Julho, véspera do feriado da Padroeira do Recife, Nossa Senhora do Carmo, era um agito só por toda Conde da Boa Vista.
                             Não tinha muito que fazer, não havia marcado cliente algum e nada mais importante. Resolvi aproveitar e repor algumas coisas que precisava no Consultório. Poderia ter pedido por telefone, mas de repente me dei conta que seria bom caminhar um pouco pelas ruas do centro, entre anônimos, alguns barulhentos, outros emudecidos e cabisbaixos caminhando apressadamente entre a multidão.
                             Sem pressa, totalmente envolta numa mansidão que me surpreendia cheguei ao meu destino e fiz as minhas compras. Aproveitei para conversar um pouco com a proprietária da Dental.
                            Ao regressar ao Consultório, do lado oposto à calçada em que eu estava vejo uma jovem de aproximadamente 25 anos, parecia saída do estacionamento, pois segurava a chave de um carro. Estava chorando convulsivamente e falava ao telefone com alguém.
                            Não havia como não prestar atenção, pois no seu desespero ela implorava que a criatura do outro lado da linha não "fizesse " aquilo com ela, "não a deixasse", sua voz era cada vez mais alta e alterada e ela cambaleante encostava-se no muro do estacionamento e dava as costas para a rua.
                            Fiquei atônita... Percebi que há situações na vida que, diante da nossa já longa via percorrida, acreditamos saber sempre como agir em qualquer circunstância... Ledo engano.
                           Vi como os anônimos podem ser cruéis e como emitem julgamentos aleatórios... Mesmo sendo uma rua pouco movimentada, os que passavam perto da jovem estavam mais interessados em destratá-la : " olha aí não tem vergonha de estar chorando por macho", "não tem o que fazer", " vai ver o que andou aprontando" etc. Ela sequer ouvia.
                          O que parecia ser uma caminhada tranqüila tornou-se um pesadelo, fiquei simplesmente parada por alguns instantes na dúvida se deveria ou não intervir. Acho que vacilei... Acho que viajei... Naquele curto espaço de tempo questionei o que poderia levar alguém a mendigar amor daquela forma... Seria aquela uma demonstração de amar acima de tudo... Quantas pessoas amavam daquele modo... Amar era isto?
Então eu tinha passado pela vida e não sabia o que era Amar...
                         Uma confusão estabeleceu-se em mim por uma fração de segundos, mas retomei a via da razão, pessoas normais amam dentro de padrões normais e racionais quando compreendem a dimensão do Amor. Este é reciprocidade, o espírito de sobrevivência do próprio indivíduo no relacionamento impõe esta condição. Extrapolar esta realidade é perder a identidade como pessoa.
                         Aquela jovem alheia tudo e todos que circulavam ao seu redor era um exemplo vivo disto. Continuei meu caminho e um misto de impotência e tristeza me invadiu...Senti-me tão covarde por não chegado mais perto...Por não ter tentado...Por medo ser rejeitada por ela , que estive sufocada até hoje, quando resolvi escrever sobre o fato.
                         A aspereza do mundo de concreto, onde a maioria circula para sobreviver, acaba por tornar as pessoas insensíveis ao sofrimento alheio. É como se o ar poluído que pulula acintosamente, permeasse a corrupção do corpo e da alma.
                        Uma coisa aprendi... Quanto mais vivemos mais temos a certeza que desconhecemos nossas próprias reações diante do inusitado. Ao voltar para casa compreendi que se choro tenho como coro o gemido do vento; se canto sou acompanhada pelos pássaros; se caminho a leveza das folhas que flanam ao sabor do vento me seguem...
                       Tenho a Natureza por perto a me dizer: olhe-me, cuide-me, siga-me eu sou o Olhar de Deus sobre você! Proteja-me e estarei sempre contigo.
Espelhemo-nos na Mãe Natureza e aprenderemos o verdadeiro sentido de amar obedecendo os preceitos do AMOR .


Escrito por Maria Claudete











11 comentários:

  1. Minha querida Claú, temos o costume de julgar as pessoas sem saber pq elas choram, pq estão deitados em baixo de viadutos, pq desistiram de viver de forma convencional. Essa moça a quem você se refere no seu texto, devia estar desesperada na eminência de perder o que ela acha ser seu grande amor. As pessoas não se aproximam pq acham que não tem nada com isso. Tenha um lindo final de semana...Beijocas

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  2. Querida, passei para agradecer sua visita e dizer que seu blog é lindo, adorei!
    Bjs da Gena

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  3. Comentários sempre maldosos, né. Como as línguas são perversaas. beijos,Claudete. Sua indignação é a minha

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  4. Oi minha irmã querida.
    Primeiramente quero te dizer que teu blog está LINDO POR DEMAIS DA CONTA...uauuuu.
    Amei, amei e amei.

    Quanto a sua postagem, quero te dizer que eu já cheguei a implorar, a mendigar o amor de um certo alguém...parecia que meu mundo ia se acabar se ele não ficasse comigo.
    O desespero que nos invade num momento desses, é tão grande, tão indescritível, que a gente não sabe onde está e nem percebe se tem pessoas a nos olhar.

    Hoje, depois de alguns anos, já curada desse "mal", sei que isso não é amar verdadeiramente.

    Imagino o que essa moça deva estar passando, Deus ajude que ela acorde desse pesadelo e abra os olhos para um verdadeiro amor.

    Você é uma pessoa muito doce minha querida.
    Também eu ficaria perdida, com vontade de ajudar, mas com medo de ser mal interpretada pela pessoa.

    Beijos com carinho no teu ♥.
    Fique com Deus e tenha uma semana de muita paz e muita luz.

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  5. Claudete

    O que ficou não foi só, as lágrimas de alguém que você não sabe quem é, ou porque choras... o mais lindo de tudo é esta sensibilidade que tens, este amor que reside dentro desta alma...que brilha...que ama.
    um grande abraço

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  6. Clau,Obrigada pela visita e pelo carinho, fiquei mega feliz!!!
    Venha sim, pra ficar e trocar, tenho ceretza que essa troca sera mt rica.
    ó,Tem post novo hoje . O beijo.

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  7. Muito trabalho suplementar,

    então...

    Que tudo corra bem!

    Bjs

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  8. Amiga, vesti esse seu texto e compreendi como ninguém a tal criatura. Também já passei por situação semelhante em minha vida. É impressionante como tudo fica mais fácil na vida, depois que a gente aprende. Ela ainda não aprendeu e, mesmo sem conhecê-la, desejo de coração que aprenda logo... a se amar. Quanto sofrimento economizará quando se colocar em primeiro lugar. A vida tem vários métodos para nos ensinar. Felizmente, já aprendi! Beijão, amada!

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  9. Olá linda! Essas experiências nos certificam de que só no amor, tais complexidades da alma são curadas. Abç!

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  10. Olá linda! Essas experiências nos fazem crer que somente no amor, tais limitaçõe da alma são curadas. Bjs!

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  11. Claudete, achei muito interessante o seu texto! A sua reação foi absolutamente normal dian te o ocorrido. Às vezes somos surpreendidos por situações que nos deixam perplexos e impotentes. Quando não conseguimos agir com o nosso próximo como gostaríamos, onde tudo leva a crer que a nossa ajuda seria relevante, acredito que nos resta orar pela pessoa em questão. Pedir a Deus que a conforte e que a luz Divina acalme o seu coração.

    Nem sempre o que julgamos ser o certo pela bondade que possuímos, pela generosidade
    intrínseca à nossa personalidade, é o melhor caminho. Existem pessoas que não gostam de serem despertadas da sua crise existencial, é como se precisasse vivenciar o seu drama até a exaustão para que elas possam voltar depois de extenuadas, mais vivas, mais revigoradas.Em determinadas situações, o melhor é deixa-las sozinhas com mais um aprendizado que a vida impõe. Já passei por uma situação semelhante e me decepcionei ao constatar que minha ajuda foi totalmente dispensável, por isso cheguei a conclusão que mencionei acima.

    O que pude perceber também foi o seu despertar em sua caminhada, e acredito que foi de grande importância para quem sabe, um novo olhar sobre alguns aspectos de sua vida.

    Claudete, gostei muito do seu blog, virei mais vezes! Peço desculpas se me estendi muito sobre o assunto. Parabéns por seu lindo blog! Desejo uma semana abençoada pra ti! Um abraço!

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É importante seu comentário, somente acrescenta.
Que seu dia seja pleno de realizações e Amor!

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